A crise de recursos hídricos não é mais um conceito vago explorado pela mídia especializada, mas sim um evento que se manifesta em nosso dia a dia.
A crise de recursos hídricos não é mais um conceito vago explorado pela mídia especializada, mas sim um evento que se manifesta em nosso dia a dia, já com proximidade geográfica alarmante: a contaminação e exploração indiscriminada do Aquífero Guarani, a poluição de todo o Sistema Tiete, que constantemente avança em direção ao interior do estado de São Paulo e a dificuldade que o Rio São Francisco enfrenta para chegar até o Oceano Atlântico. Isso apenas demonstra que a previsão de que a escassez de Água nos levará a conflitos reais, entre nações e pessoas, está cada vez mais perto de acontecer. Na realidade, já acontece. Na edição inglesa da WIRED (julho & agosto 2017), aclamada publicação de tecnologia e negócios da Nova Economia, há uma matéria sobre como o acesso a Água é controlado por milícias em Bangalore, o centro mundial do suporte técnico, e como isso aconteceu, em função de uma sequência de ações de crescimento mal planejadas.
“Bangalore, o centro mundial do suporte técnico, está ficando sem água.
E agora encara uma batalha pela sobrevivência.”
Nós não temos mais tempo, quer como indivíduos ou como sociedade, para tomarmos atitudes eficazes para parar esse curso de ação. E há apenas um caminho para isso, assumirmos como padrão de comportamento o Imperativo de Desperdício Zero, que é a pedra angular de qualquer iniciativa da Economia Circular, que se apoia em três regras básicas:
– Todos os bens duráveis, que são todos os produtos de grande durabilidade, devem manter o seu valor e serem reutilizados, mas nunca descartados ou reciclados em matérias-primas de baixo valor (downcycling);
– Todos os bens de consumo, que são todos os produtos de pequena durabilidade, devem ser utilizados o máximo possível antes de retornar de forma segura para a bioesfera; e
– Os recursos naturais só devem ser utilizados na mesma taxa em que podem ser regenerados.
Atualmente, todas as nações do Globo, mesmo aquelas com sistemas avançados de gestão dos recursos hídricos, violam essas regras fundamentais. Elas frequentemente falham em purificar a Água antes de retorná-la ao meio-ambiente, porque os custos são altos, ou mesmo proibitivos, mesmo quando energia ou componentes químicos podem ser extraídos.
Na realidade, é extremamente raro que qualquer fluxo de Água removido do sistema retorne com a mesma qualidade.
Nesse sentido, para estabelecer um Sistema de Água Circular, devemos obrigatoriamente observar este problema sob três diferentes pontos de vista:
1) A Água é um produto. Definindo claramente se esta é um bem de consumo, ou durável. Isto é essencial, pois cada categoria demanda uma estratégia específica para a redução de desperdício;
2) A Água é um recurso limitado. Isto implica que deve haver um equilíbrio claro entre os fluxos de retirada e retorno; e
3) A utilidade da Água. Isto determina que obrigatoriamente devemos maximizar o valor da infraestrutura de Água existente (captação, transporte e tratamento), aumentando sua vida de utilização e garantindo melhor recuperação e reforma dos seus elementos.
Nossa questão a vocês é:
– Qual a sua percepção sobre o Valor da Água e, principalmente, como devemos direcionar nossos investimentos para garantir a sua disponibilidade a todos?
Gostaríamos muito se você encaminhasse seus comentários sobre esta questão, a partir dos temas que discutimos.
Nos próximos posts iremos tratar especificamente de alguns temas citados agora: A Água como produto; A Água como um recurso limitado; A utilidade da Água; Fundamentos da Economia Circular e “Downcyling”.
Se você tiver alguma dúvida, basta entrar em contato conosco abaixo!