Qual o real valor da água? Parte I

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Qual o real valor da água? Parte I



A Caetano irá completar, em 2018, trinta anos de trabalho em saneamento e infraestrutura. Nessa jornada, uma das coisas que melhor aprendemos é o valor da água.


Na Terra a Água e, talvez, em todo o Universo é o veículo da Vida. É o meio que permite que ela aconteça e a leva consigo por todos os cantos do nosso planeta. Esta dicotomia fundamental de nossa existência, não há vida em terra sem água, se estabelece por todo o cotidiano e até mesmo quando tentamos entender o seu valor. A Caetano irá completar, em 2018, trinta anos de trabalho em saneamento e infraestrutura. Nessa jornada, uma das coisas que melhor aprendemos é o valor da água. Por este motivo, para compartilhar o nosso entendimento sobre esse tema tão falado, mas pouco conhecido, vamos iniciar uma série de artigos especificamente sobre o Valor da Água.

Este primeiro artigo, tem uma história singular sobre nossa falta de conhecimento, que na realidade vem de nossa fixação funcional em buscar traduzir o valor de tudo em termos de ganho financeiro. Nós percebemos, durante a revisão bibliográfica que fizemos sobre o tema “o valor da água”, que responder a essa pergunta é uma classe de problema que pode ser chamada de fundamental na Economia e que na realidade entender o Valor da Água vai muito além de descobrir o preço de uma garrafa na loja de conveniência mais próxima.

– Então, vamos lá! Qual é o Valor da Água?

Esta é a clássica pergunta de um milhão de Reais! E tem sido discutida arduamente há quase trezentos anos? e a resposta, hoje, vale muito mais do que apenas um milhão de Reais, Dólares, Euros, ou qualquer outra moeda do Globo. Para contextualizar, a sua dificuldade inerente, imagine-se em um show de perguntas e respostas da televisão e você, dentro de uma cabina a prova de som, tem que responder ao apresentador se prefere um belo anel de diamante ou um copo de água.

A escolha da resposta é rápida e óbvia, pois nesta situação os diamantes valem muito mais.

Mas, como todos nós sabemos, o “Mundo dá voltas” e agora você está em um “reality-show” de sobrevivência. Na sua prova atual, você está há 24 horas sozinho e sem água em um deserto. Nesta nova situação, sua escolha é entre uma garrafa de água (1,5 litros) e um colar de diamantes, mas você ainda tem que caminhar 30 quilômetros para sair do deserto.

– Agora, sua escolha seria diferente da primeira?

– Por quê? Os diamantes ainda não continuam valendo mais do apenas água?

Complicou ? é difícil formular uma resposta ? até mesmo escolhendo a garrafa de água, matando a sede e sobrevivendo, restará uma sensação de perda ao final. Mas não se sinta mal. Formular essa resposta é realmente uma tarefa complicada e a sua discussão já quase atinge uma Era, em termos geológicos.

Este dilema é o Paradoxo do Valor que, de forma documentada, aparece pela primeira vez em A Riqueza das Nações de Adam Smith, influi na formação da Leis de Demanda e Oferta da Escola Austríaca de Economistas do Século XIX, leva a um dos pontos mais complexos das teorias de Karl Marx com a Teoria do Valor do Trabalho e acaba, novamente, os economistas austríacos com a previsão da queda da União Soviética, ainda antes de sua real consolidação, com as teorias de von Mises e Hayek de que uma economia complexa não pode ser totalmente racionalmente planejada.

Basicamente, esta grande discussão nos mostra que não é fácil definir valor. Item por item, ou grama por grama, no concurso a racionalização recai sobre a ideia de o quanto se poderá lucrar no futuro com a venda de cada item.

Não há nada errado com esta escolha. Ela é até bem óbvia, mas ? e se não houver futuro?